O que ando lendo ou leio andando rssss

Para fins de semana em que tudo o que se quer é rir da vida antes que ela ria da gente. Recomendo o livro "Que Loucura!" do genial Woody Allen. São vários contos sobre situações non sense que, de tão detalhadas, parecem pequenos filmes de Woody. Um destes contos (e o que eu mais ri, confesso) é este que reproduzo abaixo. O livro não custa caro e tem formato de bolso, prático pra ser levado a qualquer lugar.

Bjos

Espero que gostem tanto quanto eu!

Fui!!!



Na pele de Sócrates
Woody Allen

De todos os homens famosos deste mundo, o que eu mais gostaria de ter sido era Sócrates – o filósofo, claro. Não apenas porque ele foi um grande pensador, porque eu também sou capaz de observações profundas, embora as minhas se concentrem basicamente em bundas de aeromoças e preços de geladeiras. O que me fascina no mais sábio de todos os gregos é a sua incrível coragem diante da morte. Preferia dar sua vida para mostrar que tinha razão do que abandonar seus princípios, já viram coisa igual?
Devo confessar que não sou assim tão corajoso a respeito de morrer ou de manter a força de vontade, considerando-se que, quando ouço um escapamento de carro, salto direto nos braços da pessoa mais próxima. Mas reconheço que a brava morte de Sócrates deu um sentido de autenticidade à sua vida, exatamente o que anda faltando à minha vida, exceto para o Imposto de Renda.
Confesso que, muitas vezes, já tentei calçar as sandálias do grande filósofo, mas, não importa o que faça, acabo cochilando e tendo o seguinte sonho:
(a cena se passa em minha cela de prisão. Geralmente fico na solitária, imerso no seguinte problema: pode um objeto ser considerado uma obra de arte se também pode ser usado para limpar o fogão? Mas, no sonho, sou visitado por Ágaton e Símias.)

Ágaton: Ah, meu velho e sábio amigo! Como vão os seus dias de confinamento?
Woody: Que história é essa de confinamento, Ágaton? Meu corpo pode estar circunscrito a certos limites, mas minha mente vagueia livremente pelo espaço.
Ágaton: Tudo bem, mas, e se quiser dar uma voltinha?
Woody: Boa pergunta. Não posso.
(Nós três nos sentamos, mais ou menos como se estivéssemos congelados. Finalmente, Ágaton fala.)
Ágaton: Não sei se estou sendo inconveniente, mas tenho más notícias: você foi condenado à morte.
Woody: Tudo bem, digo eu. Chato foi ter provocado tanta polêmica no Senado.
Ágaton: Polêmica nenhuma. A decisão foi unânime.
Woody: Verdade?
Ágaton: Primeiro escrutínio.
Woody: Hmmm. Pensei que estava dando mais ibope.
Símias: O Senado está puto com você, por causa daquelas idéias a respeito de um Estado utópico.
Woody: Talvez eu nunca devesse ter sugerido que a gente precisava ter um rei-filósofo.
Símias: Principalmente apontando para você mesmo e pigarreando o tempo todo.
Woody: Engraçado. Não consigo guardar ódio dos meus executores.
Ágaton: Nem eu.
Woody: (Pigarro) Bem...An-ham...Pensando bem, o que é o mal, se não o excesso de bem?
Ágaton: Cume quié?
Woody: Olhe por este ângulo. Se um homem canta uma bela balada, trata-se de uma obra de arte. Mas, se continua cantando por mais de três horas, trata-se de um pé no saco.
Ágaton: Isso aí.
Woody: Quando serei executado?
Ágaton: Que horas são agora?
Woody: Hoje???
Ágaton: Parece que sim. Querem que você desocupe a cela o mais depressa possível.
Woody: Está bem! Deixem que me tirem a vida! Saibam que eu prefiro morrer do que abandonar meus princípios de justiça e de direito para todos. Não chora Ágaton.
Ágaton: Não estou chorando. Foram umas cebolas que descasquei para a patroa.
Woody: Para o homem do intelecto, a morte não é um fim, mas um começo.
Símias: Como disse?
Woody: Deixe-me pensar um pouco.
Símias: O tempo que quiser.
Woody: É verdade, não é Símias, que o homem não existe antes de nascer?
Símias: Absolutamente verdadeiro.
Woody: Assim como deixa de existir depois que morre, não?
Símias: Isso mesmo.
Woody: Hmmm.
Símias: E daí?
Woody: Daí que estou um pouco confuso. Você sabe que só me servem carneiro nessa cadeia e muito mal temperado.
Símias: Os homens identificam a morte com o fim. Por isso a temem.
Woody: A morte é um estado de não-ser. O que não é, não existe. Donde, a morte não existe. Só a verdade existe. Mas, o que é a verdade se não a confirmação de si mesma? Mas, se a morte pode ser confirmada por si mesma, a morte é a verdade. Logo, existe! Estou frito! Hei, o que eles estão planejando fazer comigo?
Ágaton: Fazê-lo tomar cicuta.
Woody: (intrigado) Cicuta?
Ágaton: Lembra-se daquele líquido escuro que atravessou a sua mesa de mármore?
Woody: Aquilo?
Ágaton: Basta uma colher. Mas eles terão um frasco cheio à mão, no caso de você derramar um pouco.
Woody: Será que vai doer?
Ágaton: Vão lhe pedir que não faça uma cena. Para não perturbar os outros prisioneiros.
Woody: Claro, claro.
Ágaton: Eu disse a eles que você morreria bravamente, para não renunciar aos seus princípios.
Woody: Sem dúvida. Escute, ninguém sequer mencionou a palavra “exílio”?
Ágaton: Desde o ano passado decidiram não exilar ninguém. Muita burocracia.
Woody: Certo... (Desesperado e confuso, mas tentando parecer firme.) E o que há de novo lá fora?
Ágaton: Tudo velho. Ah, sim, cruzei na rua com Isósceles. Está bolando um triângulo infernal.
Woody: Que barato! (Subitamente abandonando toda a falsa coragem.) Olhe, vou ser franco com você. Não quero ser executado! Sou muito jovem para morrer!
Ágaton: Mas esta é a sua chance de morrer pela verdade!
Woody: Você não entendeu, Ágaton. Sou um apólogo da verdade. Mas é que fui convidado para um almoço em Esparta, semana que vem, e detestaria faltar. É minha vez de levar os drinques. Você sabe como são esses espartanos. Vivem a fim de brigar.
Símias: Será nosso mais sábio filósofo um covarde?
Woody: De jeito nenhum. Mas também não sou herói. Marquem coluna do meio, sei lá!
Símias: Você é um verme.
Woody: Por aí.
Ágaton: Mas não foi você que provou que a morte não existe?
Woody: Escutem: andei provando muitas coisas na vida. Como acham que consigo pagar o aluguel? Umas teorias aqui, outras pequenas observações ali, uma frase brilhante de vez em quando e, às vezes, alguns ditados e máximas. Paga melhor do que colher azeitonas. Mas não vamos exagerar!
Ágaton: Mas você provou tantas vezes que a alma é imortal!
Woody: E é! Pelo menos no papel. Esse é o problema da filosofia: já não funciona tão bem depois da aula, ou seja, na vida real.
Símias: E as “formas” eternas? Você disse que tudo sempre existiu e sempre existirá!
Woody: Estava me referindo a objetos pesados, como estátuas ou cofres. Com gente é diferente!
Ágaton: E aquele lero dizendo que morrer era o mesmo que dormir?
Woody: Eu sei, mas o problema é que, se você está morto e alguém grita: “Hora de acordar!”, é difícil encontrar as sandálias debaixo do catre.
(Entra o carrasco com uma taça de cicuta. Seu rosto lembra um pouco o de Boris Karloff.)
Carrasco: UU! Adivinhem quem chegou! Quem vai tomar a cicuta?
Ágaton: (Apontando para mim): Ele.
Woody: Puxa, é uma dose dupla!Olhe, ando com o fígado meio bombardeado...
Carrasco: Beba tudo. O veneno costuma estar no finzinho.
Woody: (Aqui meu comportamento costuma ser diferente do de Sócrates, e dizem que grito durante o sonho): Não! Por favor! Não quero! Socorro! Mamãe!
(O carrasco me passa a taça fervilhante, apesar de minhas súplicas, e tudo parece chegar ao fim. Então, talvez devido a um inato instinto de sobrevivência, o sonho muda completamente e entra um mensageiro.)
Mensageiro: Parem! Houve uma apelação e o Senado votou de novo. As acusações foram levantadas. Você foi declarado inocente e será publicamente reabilitado!
Woody: Finalmente! Conheceram, papudos? Eles recuperaram o bom senso! Sou um homem livre! Livre! E ainda serei reabilitado! Ágaton e Símias, depressa, peguem minha bagagem! Preciso falar com Pitágoras antes que ele resolva aquele seu absurdo teorema. Mas, antes descreverei para vocês uma pequena parábola.
Símias: Pó, isso é que é um final inesperado! Será que o Senado sabe o que está fazendo?
Woody: A parábola é a seguinte. Um grupo de homens vive numa caverna escura. Nunca viram o sol. A única luz que conhecem é a das velas que usam para iluminar a caverna.
Ágaton: E onde arranjam as velas?
Woody: Bem, já estavam lá, e não amolem.
Ágaton: Vivem numa caverna e têm até velas? Parece esquisito...
Woody: Quer ouvir a parábola ou não quer?
Ágaton: OK, OK, mas ande logo. Está demorando muito.
Woody: Então, certo dia, um dos habitantes da caverna dá um pulinho lá fora e vê o mundo.
Símias: Com aquele sol de derreter catedrais.
Woody: Exatamente. Em toda sua luminosidade.
Ágaton: E, quando volta para contar aos outros, ninguém acredita.
Woody: Não exatamente. Ele não conta aos outros.
Ágaton: Não???
Woody: Não. Em vez disso, abre um açougue, casa-se com uma rumbeira e morre de trombose aos 42 anos.
(Eles me agarram e forçam a cicuta pela minha goela abaixo. Nesse momento, costumo acordar sobressaltado e só um copo de iogurte consegue me acalmar.)

A Itália em minha vida

Leitores, desculpem a demora em aparecer. Mas minha vida está tão boa que nem acredito. Muitos planos e projetos dando certo me fazem crer que a vida é bela e mora na Itália rsss. Hoje acordei pensando nesse país lindo que é a Itália, além de ter o formato de uma bota, calçado que amo, está em minha vida antes mesmo de eu nascer. Explico: hoje estava lembrando de como minha mãe disse que conheceu meu pai e do primeiro beijo no cinema ao som de Al di la, tema do filme "Candelabro Italiano". Curiosa fui procurar na net essa música. Bons tempos estes em que vivemos em que podemos recuperar nosso passado antes de pisarmos nessa nave chamada Terra. Muito linda essa música e o filme que ainda quero encontrar, pela sinopse, parece lindo também. Ah! Confesso. É um romance! Um dos meus gêneros favoritos bem como os filmes italianos e a comida daquele país maravilhoso onde só tem buona gente! Em homenagem a paixão de minha mãe pelo meu pai. E para quem também ficou curioso de ouvir, com vocês a música Al Di la. E que o amor nunca desapareça! Beijos!

PS: Gente, não sei o que acontece que não consigo postar a música. Mas o link é este aí e vale a pena. A música é lindaaaaaa.


http://www.youtube.com/watch?v=mc87lPYVRVw