sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Memórias de uma pau-rodado - Parte II - O começo da ida







Então, na minha cabeça, sempre confusa, eis que era chegado o momento pelo qual eu sempre esperei desde o título da minha redação de vestibular para a faculdade: "Parado no meio do mundo senti chegar meu momento!"
Este era o me momento de conseguir de uma vez tudo o que sonhei, viver do meu sonhado trabalho e morar sozinha!
Um grupo de amigos foi uma semana antes. Iriam ficar num apartamento que uma amiga arrumara nem sei como! Liguei uns 2 dias antes de eu ir, para saber o que encontraram por aqui e a resposta foi que o apartamento era horrível e que já estavam todos instalados na casa do professor da UFMT que tinha avisado ao nosso professor sobre as vagas em Cuiabá.
Então, na data combinada deixei mãe e amigos chorando e parti com uma mala enorme, uma mochila nas costas, R$ 400,00 e muita esperança no coração de que, aqui, haveria de acontecer algo bom para meu crescimento profissional.
Cheguei em 5 de abril de 1995. Conheci o tal professor. Chamava-se Aílton Segura e, como bem disse o nome, segurou nossas pontas (minha e de mais 7 pessoas em sua casa por 3 meses). Sua mulher era uma simpatia (Ednice) e seus dois filhos, hoje já com as vidas encaminhadas uma para o turismo e o outro para o jornalismo gastronômico, eram pequenas graças que não reclamaram de perder os quartos por todo esse tempo.
O papai e a mamãe deles é que não devem ter gostado nada de ter a privacidade invadida pelos filhos. Lembro um dia que a Manoela, filha deles, saiu do quarto dos pais chorando dizendo "minha mãe é uma prostituta!". Tudo porque encontrou na gaveta da mãe um corpete vermelho ou preto, não lembro bem (que ela só via nas novelas vestidos em prostitutas). Então, qual não foi sua surpresa quando viu isso na gaveta da mãe.
Até explicar que alho não era bugalho foi um chororô!
Liguei para as amigas de Santos e as perguntas eram as mais esdrúxulas: "tem jacaré na rua?", " e onça? Já viu em Cuiabá?" "E como são os índios?", "Aí vende camisinha de pele de cobra?". Santa ignorância paulista!
Expliquei que aqui era uma capital com cara de cidade pequena. Mas o que me matava ( e mata até hoje) era o calor insuportável e as ladeiras. Eu andava pelas ruas tomando sorvete, refrigerante, água, suco e água de côco direto! Hoje já ando com minha garrafinha de água a tiracolo e não preciso mais gastar tanto dinheiro. Nunca pensei também que usaria guarda-chuva como guarda-sol! E nem que meus 6 meses programados para ficar aqui se tornariam anos. Aliás, quase 14 anos!
Passou um mês e todos foram arranjando emprego. Eu fui a última a encontrar, era no recém-criado veículo Folha do Estado. Editoria de Geral (buraco, polícia e outras coisas da vida).
E qual não foi minha surpresa que meu primeiro dia de trabalho como jornalista de verdade foi no dia do trabalho. Aí eu vi que era aquela vida que eu queria: ir atrás da notícia não importa que dia ou hora fosse. No caso, naquele dia não cobri grande coisa. Era uma reunião de motoristas na Praça da Farinha para decidir se entrariam em greve ou não. Foi moleza, além do mais o fotógrafo que me acompanhou (Marcos Bergamasco) foi de bermuda e as pernas maravilhosas ajudaram o trabalho a fluir... Aiaiai bons tempos em que todos éramos inocentes (ou quase todos)...(to be continued)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Memórias de uma pau-rodado - parte I - Do mar para o rio



Calma! Quem ver o título acima e não for cuiabano - ou não morar em Cuiabá há tempo suficiente, como eu - pode até pensar mal de mim com esta expressão. Mas a denominação "pau-rodado" é dada pelos cuiabanos aos que chegam de fora. Que não são "povo" de nenhuma família conhecida daqui. É como um pau que roda com uma enchente e pára onde ela quiser, sem estar seguro em nada. Pelo menos foi assim que entendi quando um cuiabano de "tchapa e cruz" (do nascimento até a morte) - é, estes cuiabanos são mesmo cheios de expressões próprias que soam estranhas aos paus-rodados, mas que, depois se adequam ao nosso vocabulário e soam até com certa saudade ao coração de tudo o que fica quando vamos embora.
Agora que vou embora posso dizer que, as palavras que achei estranhas quando cheguei, agora juntam-se às milhares de lembranças boas e ruins desta terra e estas me marcaram à ferro. Por isso vão comigo pra sempre. Ah! E nem poderia ser diferente. Também levo de "lembrança" dois cuiabaninhos, os meus filhos: Vittória e Carlinhos.
Mas para explicar como cheguei até aqui... e cansei, tenho que começar do início já que, parece, minha odisséia por estas plagas eis, que chega ao final, quase totalmente feliz, mas que caminha para um recomeço imensamente novo e feliz.
Muita gente me pergunta, quando digo que sou de Santos, como vim parar tão longe do mar. Aliás, no ponto mais distante de todos os mares. Diga-se de passagem, Cuiabá fica no centro Geodésico da América do Sul. Desse jeito não ía dar certo mesmo. Lembram da música? "como pode um peixe vivo viver fora d´água fria?". E aos que dizem que peixe que quer viver vive em qualquer água digo mais, peixe de mar não vive em rio. Precisa do sal misturado com o sol e a brisa. Água doce é boa de beber, mas se beber demais porque o sol é de rachar a cabeça e o coração, deixa a gente com barriga, por isso fiquei com duas (meus cuiabaninhos que mencionei lá em cima).
Bem, o ano era 1994. Fim de curso de jornalismo e eu com o sonho de trabalhar no maior jornal da minha pequena e querida cidade. Para mim, um mundo imenso de respeitabilidade se abriria à minha frente só por eu trabalhar lá.
Afinal, meu irmão era gráfico deste jornal e só de falar que trabalhava lá, nas mais diversas situações, o "povo" respeitava.
Enfim, mandei currículo achando que minha 'vasta' experiência de "2" semanas como estagiária de uma assessoria de eventos de surf e meus textículos de faculdade fossem "impressionar" a galera do grande grupo A Tribuna (jornal e rádio).
Enfim, quando vi que a coisa não ía acontecer resolvi apostar em Sampa. Ainda apostando que o mercado gostaria de minha vontade de ser uma boa profissional me inscrevi numa seleção para trabalhar na editora Abril. Recebi uma carta deles e quase enfartei. Mas a correspondência era só pra agradecer o interesse e dizer que meu currículo ficaria em seus bancos de dados (ou a maneira gentil de falar lata de lixo) para o futuro (que até hoje não chegou).
Já me conformava em ser funcionária pública da prefeitura de Santos para o resto da vida quando meu professor da faculdade informou aos formandos daquele ano que Cuiabá não tinha nenhuma turma de jornalismo formada. Por isso tinha muitas vagas para os profissionais diplomados.
E enquanto eu pensava aonde raios ficava Cuiabá ele dizia que nessa terra tinha 2 jornais já consolidados (A Gazeta e o Diário de Cuiabá) e mais um recém-aberto (Folha do Estado) que parecia que ía vingar e se firmar no mercado. E que havia vagas para pessoas formadas. E o melhor: pagava o maior salário da América Latina! E melhor ainda: como a jornada era de 5 horas poderíamos ter 2 empregos (conheço gente que conseguiu até 3!). Enfim, bons tempos aqueles em que havia esperança. Pelo menos no meu coração.
Comecei a colocar na cabeça que precisava arriscar. Sair da casa de meus pais e viver meu sonho de morar sozinha com meus próprios recursos e com algo que eu amava desde criança que era escrever.
Com minha razão (se é que eu já tive um dia) eu pensava se íria dar certo sair de perto de minha família e ir para um lugar em que não conhecia ninguém. Mas como meu coração (que sempre falou mais alto e me fez sentir as maiores alegrias e também ter as quedas mais doídas) eu pensava: o que tenho a perder? Tenho um diploma, nenhum namorado e se não der certo sempre terei minha família!
(to be continued ou em bom cuiabanês "manhá cidinho tem más" = amanhã cedinho tem mais)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aviso de Deus aos meus amigos e recado ao inimigo



1 Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
2 Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.
3 Porque Ele te livra do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
4 Ele te cobre com as suas penas, e debaixo das suas asas encontras refúgio; a sua verdade é escudo e broquel.
5 Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia,
6 nem peste que anda na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia.
7 Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido.
8 Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
9 Porquanto fizeste do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação,
10 nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
12 Eles te susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.
13 Pisarás o leão e a áspide; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
14 Pois que tanto me amou, eu o livrarei; pô-lo-ei num alto retiro, porque ele conhece o meu nome.
15 Quando ele me invocar, eu lhe responderei; estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei, e o honrarei.
16 Com longura de dias fartá-lo-ei, e lhe mostrarei a minha salvação.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Balanço


Este ano começou com promessas gravadas de quem dizia que iria me amar, me amar, me amar... Acreditei e o amei, o amo e amarei... Mas a vida segue e novos rumos devo abrir na minha frente, por mim e por meus filhos. Sou uma mulher de 38 anos e nenhuma habilidade especial. Não sei andar de bicicleta, não sei dirigir, não sei inglês nem espanhol. Mas ainda morro de tesão de fazer tudo isso antes de morrer. Tenho pouca coisa na vida. Não tenho mais irmão mais velho da família e não mais irmã caçula pra dar conselhos. Não mais pai, nem mãe, nem avó e nem avô. Não mais marido. Mas, de todos, tenho muitas e boas lembranças. No momento tenho que amar e agradecer a Deus por tudo o que tenho. Uma filha de 10 anos, que vai mais longe do que eu já fui um dia, com certeza, porque é muito determinada. Tenho um filho que será feliz com a independência e criatividade dele, tenho toda a certeza disso. Tenho uma irmã mais velha que está sendo uma mãe pra mim nesses últimos 3 meses de solidão e tão pouco apreço pela minha vida. Tenho outro irmão, perdido pelo que fez de errado em sua vida, mas que sempre está em minhas orações, bem como meu outro irmão, o mais novo dos homens, que tem também me ajudado a não esmorecer e nem a morrer sozinha mostrando que Deus sempre abre uma janela quando fecha uma porta. Tenho sentido a força de amigas - antigas e recentes - que me mostraram que realmente se importam comigo não pela palhaça que sempre fui ou tentava ser, mas porque sou alguém que elas gostam muito. E são tantos os nomes: Luciene, que com suas poesias saídas da alma louca de um coração que pulsa por si e pelo mundo não me deixa chegar nem perto do chão para eu não me afogar - como Alice - em minhas próprias lágrimas. Tem Keka. Que me segurou com a força de seus braços e mesma experiência pela qual passo mesmo por msn e telefonemas. Tem Andréia Medeiros que com suas mensagens no celular e seus abraços de urso me fazem sentir viva. Tem outra Andréa, que mesmo nos Estados Unidos cortando um dobrado não deixa de me incluir em suas orações. Tem Viviane. Grande amiga da faculdade que, mesmo feliz, compartilha de minha dor de ser mulher e me manda reikis de longe... E quem mais? Tem Dafne, uma criança-mulher que já tem a coragem de amparar dentro dela. Tem Laura que com tarô e o oferecimento do ombro pra encharcar de lágrimas me avisa que o tempo é o senhor das cicatrizes. Tem Flávia. Ex-patroa e grande sempre amiga que posso contar nas minhas horas tristes e alegres que me admira e que tenho admiração recíproca por ela e seu astral! Tem Rose. Com jeitinho comedido, mas que sabe dar carinho com um olhar... Tem Josana. Que sacode a poeira sempre dela e de mim e me joga para o alto me fazendo ver que só não tem jeito para a morte e que eu já estive em piores situações. E sobrevivi! Tem Andréia e Carol. A dupla dinâmica que me ouviram soluçar e me ajudaram a descobrir um caminho, mesmo que alternativo, de encontrar de novo meu centro. E que mesmo sem eu ainda ter encontrado, tentam me guiar no dia a dia pelas boas fontes e dicas de como escrever direito. Ah e tem uma última, mas não menos importante amiga: Vânia. A famosa "mãe de Ênia", benção de Deus para minha vida que veio disfarçada de coincidência do trabalho para que eu pudesse reencontrá-la e voltar a ficar perto de Deus. Se esqueci de alguém, perdão. Assim que lembrar faço um post só pra vcs. Por enquanto esse aqui é só pra agradecer e dizer que só por hoje e pelo ano vindouro eu não quero mais chorar. Só se for de ALEGRIA.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

único depoimento q escrevi no orkut


André,

Queria usar este espaço para dizer o q é vc em minha vida.Alguém que não sei explicar mas que me fascina com um jeito ora seguro ora um menino todo meu.Te amo e sei q piso na bola e não correspondo às vezes com o que vc espera de mim.Mas tenha a certeza q sempre erro querendo acertar.Que sempre imagino o que seria melhor ou mais prático como vc me ensinou a ser.Que sempre, muito ou pouco, penso em vc durante meu dia, seja na sua ausência com saudade ao acordar ou seja a noite, antes de deitar sozinha triste ou com vc, bem alegre de poder ter vc para abraçar e um ouvido sempre pronto a ser mordido e para me ouvir.Seu corpo para me aquecer e seu carinho para me dar forças para continuar nessa jornada da vida.É tudo isso q sinto e, mesmo com atraso, quero dizer que espero que esse novo período de sua vida seja de mais alegria e amor do que nunca teve antes e que nossa família esteja sempre junta em todos os momentos, mesmo que só em pensamento.Uma grande vida pra vc meu amor!É o que deseja Dri!


(postado por ocasião do aniversário dele em q eu acreditava q era importante no mundo dele. Lêdo engano) 22/04/08

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

É fácil

Pra vadios é fácil deixar largada toda a bagunça que ficou para trás mesmo que eu tenha pedido que não fizesse bagunça, que meu mundinho estava se recuperando... Mas não, foram bilhetes, flores, presentes, olhares apaixonados (igual deve estar fazendo com a próxima "vítima").
Depois é só dizer adeus, se desvencilhar, ir viver outro amor. Tudo pela SUA felicidade, SEU prazer pessoal, SUAS decisões.
Só ELE é que vale e os outros, até os filhos que cresçam sem que ele veja.
Q vida boa deve ter quem vive assim, largando os outros aos pedaços pelo caminho.
Bando de covardes e de piranhas que comem até o osso e depois jogam fora como se não tivessem se alimentado daquela carne nem um pouquinho.
Que morram! Que morram! E que pelo menos os vermes não passem mal com esta carne podre!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Chuva Negra

A chuva negra, ácida, que só faz mal levou meu príncipe escamado.
Faça bom proveito!
Outros caminhos se abrem e uma chuva de bençãos cai sobre mim.
Chuva limpa sem a podridão de sua acidez amaldiçoada.
O que fizeste de mal com certeza voltará, e breve. É só aguardar porque eu aguardo em Cristo Jesus estar bem de perto vendo vc ir para o esgoto...sem sol pra secar essa chuva negra maldita!
Você é lama e isso a gente limpa com água pura do Senhor Jesus. Glória a Deus.
Até lá!