sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Crise da “vaca louca” atinge vida de índios do Xingu

Adriana Nascimento
Especial para a Ong Gapa

O que a crise da vaca louca, na Europa, no início deste século, e a conseqüente demanda de proteína vegetal, têm a ver com a aceleração do desmatamento na bacia do Rio Xingu/MT? E o que isto trouxe de dificuldade à vida dos índios no Parque Nacional daquela região? Foi o que cerca de 200 alemães, de todas as classes sociais, ficaram sabendo no início deste ano, através de palestra proferida naquele país, pelo engenheiro-florestal da Organização Não-Governamental (ONG), Grupo Agroflorestal e Proteção Ambiental (Gapa), Armin Beh, cujo trabalho é desenvolvido em Cláudia, a 570 km de Cuiabá/MT. De acordo com ele, os impactos diretos mais sentidos são o assoreamento e a intoxicação dos rios, com a consequente queda da qualidade da pesca de subsistência, causada pela construção de usinas hidrelétricas.
O objetivo das informações, disse, foi o de fortalecer as relações de financiamento da Alemanha para com o Brasil. Para isso, o engenheiro relatou que proferiu oito palestras em diferentes cidades na região sul da Alemanha e uma entrevista numa rádio regional que tem mais de 200 mil ouvintes. “Pouca gente sabe, mas a comunidade germânica, através de seu governo, é a maior financiadora de Projetos Demonstrativos Ambientais (PDAs) em solo brasileiro”. No bioma amazônico um desses projetos é alvo da campanha da ONG Instituto Socioambiental (ISA), Y Ikatu Xingu, que desenvolve trabalho no projeto Loreta, na cidade de Cláudia. A finalidade deste é a preservação da nascentes e das matas ciliares deste córrego. Em duas visitas por conta própria ao parque do Xingu, Beh verificou in loco as conseqüências das ações antrópicas para o cotidiano das etnias que lá vivem.
Beh, que é o técnico responsável pelo projeto Loreta, conta que, ao saberem do problema do desmatamento na Amazônia, a maioria dos que o ouviram disse que não podia imaginar como funciona a vida numa pequena cidade mato-grossense e, muito menos que a demanda na Europa pudesse causar conseqüências graves numa aldeia importante como a do parque do Xingu. Sensibilizações pela Europa, como as palestras, diz ele, servem para diminuir as causas e efeitos de prejuízos ao meio ambiente e têm, como meta, fazer com que todos os países ajudem a proteger uma das maiores riquezas mundiais: a biodiversidade da Amazônia.

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